O Conselho Regional de Engenharia (CREA) divulgou, na manhã de hoje, o relatório que apurou as causas do rompimento da barragem Algodões I, localizada no município de Cocal. Segundo o presidente do conselho, José Borges Araujo, a obra pode ser considerada “clandestina”, já que o projeto não foi registrado no Piauí.
“O projeto da barragem nunca foi registrado aqui. No cadastro da gente não aparece. Ele deveria ter sido registrado obrigatoriamente. Se não foi registrado aqui não pode ser registrado em outro local. Do ponto de vista de anotações técnicas é uma obra irregular, clandestina”, afirmou o presidente durante coletiva de imprensa realizada no auditório do órgão.
Dois dias após o rompimento da barragem, o CREA formou uma comissão e enviou a Cocal vários engenheiros para investigar as causas do acidente. Os trabalhos foram presididos pelo Engenheiro Civil Jesus da Silva Boa vista. Foi ele quem elencou durante a coletiva as falhas em Algodões.
“Houve problema na fundação da barragem. Houve deficiência no estudo geológico. Está caracterizado pelo escorregamento da ombreira direita. Esse escorregamento obstruiu o canal de fuga da água após o sangradouro”, afirma.
O presidente do CREA informou ainda que o relatório só foi divulgado agora por causa das grandes proporções do acidente. “Trabalho investigatório só tem hora para começar”, disse. O documento será enviado ao Conselho Federal de Engenharia, Idepi, Secretaria de Infraestrutura, Ministério Público e Polícia Federal.
Projeto de 1945 – O presidente do Instituto de Desenvolvimento do Piauí (Idepi), Norbelino Lira, que estava presente na divulgação do relatório, não questionou o resultado. O instituto ficou responsável após o rompimento de Algodões em realizar manutenção nas barragens existentes no estado. Algodões é considerada uma obra federal, construída atendendo a solicitãção do Dnocs.
“O projeto original é de 1945, mas como tudo no Piauí demora, ela só foi construída em 1997. Construíram e não levaram em questão o problema de deslizamento. O primeiro foi registrado em 97”, afirma.
“Na época não tinha um órgão que gerenciasse as barragens. Isso só feito pelo governador Wellington Dias quatro meses após o rompimento de Algodões. A barragem foi embora por pura falta de manutenção”, afirmou.
Foi constatado ainda que o projeto da revisão do sangradouro não foi implementado na sua totalidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário